EDIÇÃO

 

TÍTULO DE ARTIGO


 

AUTOR


ÍNDICE TEMÁTICO 
51
Destinos do Trauma Psíquico
ano XXVI - Dezembro 2013
231 páginas
capa: Vera Montagna
  



capa: Vera Montagna

voltar ao acervo








EDITORIAL  
TEXTOS  
Para Joyce McDougall, as “expressões somáticas entre a neurose e a psicose” indicam a existência de um si-somático, emissor de mensagens não verbais que, apesar de extremamente arcaicas, são passíveis de serem apreendidas e tratadas na sessão através de uma escuta analítica específica. Retomando em grandes linhas a controvérsia sobre a pertinência da análise para os pacientes fisicamente doentes, este artigo tenta mostrar os instrumentos conceituais que permitiram a McDougall propor uma teoria psicossomática propriamente analítica.
ABSTRACT
For Joyce McDougall, the “somatic expressions between neurosis and psychosis” indicate the existence of a somatic self which emits non-verbal messages that, despite their extremely archaic nature, can be heard and treated through a specific type of analytic attention. Coming back thus to the controversial question of the pertinence of analysis for physically ill patients, this article attempts to highlight some of the conceptual tools that have enabled McDougall to equip herself with a thoroughly analytic psychosomatic theory.
 
O artigo se propõe a analisar a polêmica em torno da produtividade da lei simbólica na teoria lacaniana valendo-se da retomada do diálogo com dois críticos da psicanálise: Michel Foucault, por um lado, e Judith Butler, por outro. Após sucinta explicitação do posicionamento desses pensadores, são desenvolvidos argumentos a respeito da clínica, da teoria e da ética psicanalítica com vistas a situar o papel da lei em psicanálise ao lado de seus efeitos produtivos e generativos sobre o sujeito desejante.
ABSTRACT
This paper analyses the controversy about the productivity of symbolic law, taking as a basis the critics addressed to Psychoanalysis by Michel Foucault and Judith Butler. It briefly presents their arguments, and responds to them with a view of the practice, the theory and the ethics of Psychoanalysis, which according to the authors give consistency to the idea that symbolic law has generative effects upon the desiring subject.
 
A partir de um diálogo entre o pensamento ferencziano e teorizações psicanalíticas contemporâneas, o artigo procura discutir os destinos do traumatismo precoce na constituição psíquica, para pensar a atualidade do conceito de desmentido. Os autores consideram que o desmentido precoce desdobra-se, na dimensão intrapsíquica, em uma perturbação na capacidade de reconhecimento interno das percepções.
ABSTRACT
Taking as a starting point a dialogue between Ferenczi and contemporary psychoanalytic theory, this paper discusses the fate of early traumas in the formation of the mind. The author feels that early disavowal perpetuates itself in a perturbation of the capacity to recognize internal perceptions.
 
O presente artigo ilustra a ideia de um desencadeamento de sintomas neuróticos ligado à questão homossexual, no ponto onde se encontram o discurso político sobre a questão da homossexualidade e a transformação subjetiva decorrente de uma descoberta sobre si mesmo. A análise da passagem da questão homossexual à homossexualidade como questão serve como pano de fundo para pensarmos o modo de transposição de discursos entre a clínica e as teorias sociais.
ABSTRACT
Neurotic symptoms can appear at the point where political discourse of homosexuality crosses the subjective transformation due to an insight about oneself. The transition from “the question of homosexuality” to “homosexuality as a question”is employed to reflect upon the transition of discourses between social theories and clinical practice.
 
Meu objetivo neste artigo é abordar alguns aspectos da trama do inconsciente de pais e filhos na construção dos sintomas infantis. Tomo fragmentos de um caso clínico para trabalhar formas de intervenção nessa clínica com crianças.
ABSTRACT
This paper focuses on some aspects of the unconscious web woven by parents and children, which leads to the construction of infantile symptoms. Fragments of a clinical case are used to reflect on the forms the analyst can use when working with children.
 
A psicanálise contemporânea tem atribuído lugar de honra à função do sonhar enquanto atividade simbolizante, e entre seus elementos constituintes ressalto a figurabilidade, resgatada da análise freudiana dos sonhos noturnos e tomada como trabalho psíquico do e no espaço intermediário entre analista e analisante. No mesmo sentido que a construção, a figurabilidade se revela como um operador fundamental de ligação – produtor, portanto, de novas realidades. Isto é investigado no jogo dos rabiscos de uma consulta terapêutica de Winnicott, e num momento fundamental do processo analítico com um de meus analisantes.
ABSTRACT
Among the symbolizing functions of dreams, figurability is prominent. Here it is taken as a part of the psychic work occurring in the “intermediate space” between analyst and patient. As a fundamental operator of linking, figurability is equal in importance to construction: it produces new realities. Examples of this can be seen in the “squiggle game”, both in a case of Winnicott and in the analytic process of one of the author’s patients.
 
A categoria de masoquismo no seu caráter transestrutural será analisada, aqui, à luz de uma reinterpretação do masoquismo moral em Freud a partir de alguns elementos da teoria do supereu. Trata-se de elaborar uma interpretação para a etiologia do masoquismo moral diferente da explicação freudiana introduzida em 1924 e apoiada no clássico “Bate-se em uma criança” (1919).
ABSTRACT
The trans-structural aspect of masochism is here studied through a reinterpretation of Freud’s concept of moral masochism and some elements of the theory of the superego. The result is somewhat different from the classical view (Freud, 1924). The authors suggest that a more adequate context for the meaning of moral masochism can be derived from Freud’s paper “A child is being beaten”.
 
Entende-se que é comum as situações de violência de gênero gerarem uma neurose traumática. Apresentam-se, desde a caracterização do novo trauma em Freud, os mecanismos psíquicos decorrentes do trauma que dispõem à manutenção da relação de violência. Associa-se este fenômeno também à cultura de gênero, enquanto repetição de uma função significante. Nessa perspectiva, analisam-se as dificuldades e o processo subjetivo necessário para a saída da situação de violência.
ABSTRACT
Situations of gender violence often produce a traumatic neurosis. This paper starts from Freud’s description of the “new trauma” to discuss how psychical mechanisms associated with it contribute to maintain the situation of violence. This phenomenon is then linked to “gender culture” as a significant function. The difficulties of, and the subjective process involved in, the overcoming of violence situations are analysed in the perspective of those multiple determinants.
 
Este artigo pretende mostrar que Winnicott redescreveu o conceito de Id, tal como Freud o estabeleceu, expandindo a compreensão da vida instintual e diferenciando-a da sexualidade, considerando esta última como sendo uma maneira específica de viver a vida instintual. Procura-se mostrar que Winnicott nunca utiliza o termo Id no seu sentido metapsicológico, como uma instância de um aparelho psíquico, mas sempre no seu sentido empírico, referido às efetivas pressões da vida instintual.
ABSTRACT
Winnicott redescribed the concept of id, expanding our understanding of instinctual life and distinguishing it from sexuality. For him, the latter is a way to live instintual life. The author shows that Winnicott never uses “id” in a metapsychological sense (part of a psychic apparatus), but always in an empirical sense, connected to the urgent pressure of instinctual life.
 
Este artigo aborda a relação entre o leitor e o texto literário de um ponto de vista psicanalítico. Serão apresentados, de um lado, apontamentos de críticos literários que enfatizam o leitor, a recepção e o efeito estético; de outro, considerações freudianas e de autores que se valham do solo psicanalítico para suas proposições. Ao leitor pressuposto na tessitura do texto, pretendemos articular a singularidade do efeito que uma obra literária pode produzir em cada leitura, no encontro com cada leitor. Em cada página do livro o sujeito-leitor estampa sua marca e reescreve sua própria narrativa: devaneios são suscitados, recortes são feitos e lapsos são cometidos neste campo que se constitui entre leitor e texto literário.
ABSTRACT
The relation between the reader and a literary text is here discussed from a psychoanalytic point of view. Notes by literary critics on the reader, on reception and on aesthetic effect are confronted to remarks by Freud and other analysts. In its organization, every text presuposes a reader; we articulate this reader to the unique effect produced by every single reading of a literary work. The subject-reader, so to say, prints his own mark, and rewrites his own narrative: daydreams are stirred up, personal cuttings and slips are made in this intermediate field between reader and literary text.
 
Durante muitas décadas, na IPA, tanto como em outras associações psicanalíticas, sujeitos homossexuais foram considerados como doentes e, portanto, banidos da formação didática e do acesso à posição de psicanalistas. Hoje em dia, esta visão, às vezes mantida, parece proceder de uma concepção meramente intrapsíquica do sexual-infantil, desvinculada do contexto histórico, político e clínico das homossexualidades, e dá lugar a uma versão normalizadora da sexualidade. Este artigo pretende apresentar uma breve história da formação e da dissolução de uma regra não escrita referente à homossexualidade do/a analista, para abordar, num segundo momento, algumas reflexões decorrentes destes debates históricos.
ABSTRACT
For many years, inside and outside the IPA, homosexuals were considered “sick” and thus banned from becoming psychoanalysts. Today this position (sometimes still defended) seems to come from a conception of the sexual-infantile as a merely intrapsychic element. Its links with historical, political and clinical contexts are then ignored, which in-turn leads to a normative concept of sexuality. This paper presents a brief history of the constitution and dissolution of an unwritten rule about homosexuality in an analyst, and goes on to propose some reflections based upon those historical discussions.
 
 


ENTREVISTA  
DEBATE  
DEBATE CLÍNICO  
LEITURAS  
Resenha de Marion Minerbo, Transferência e contratransferência, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2012, 298 p.
 
Resenha de Silvana Rea, Pelos poros
do mundo – uma leitura psicanalítica
da poética de Flávia Ribeiro, São Paulo, Edusp/FAPESP, 2012, 268 p.
 
Resenha de Sylvia Salles Godoy de Souza Soares, Envelhescência – um fenômeno
da modernidade, São Paulo, Escuta, 2012,
216 p.
 
Resenha de Inês Sucar, Winnicott: ressonâncias, São Paulo, Primavera Editorial, 2011.
 
Resenha de Benoît Peeters, Derrida –
a biography, Polity Press, New York, USA / Cambridge, UK, 2013, 629 p.
 
Resenha de Beatriz S. A. Oliveira, Marta G. G. Baptista (orgs.), Linguagem e saúde mental na infância: uma experiência de parcerias, Curitiba, CRV, 2010, 119 p.
 
Resenha de Renato Mezan,
O tronco e os ramos. Estudos
de História da Psicanálise, São Paulo, Companhia das Letras, 2014, 615 p.
 
Resenha de Flávio C. Ferraz, Lucia B. Fuks e Silvia L. Alonso (orgs.), Psicanálise em Trabalho, São Paulo, Sedes/Escuta, 2012, 275 p.

 
 
 

     
Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
Sociedade Civil Percurso
Tel: (11) 3081-4851
assinepercurso@uol.com.br
© Copyright 2011
Todos os direitos reservados