EDIÇÃO

 

TÍTULO DE ARTIGO


 

AUTOR


ÍNDICE TEMÁTICO 
41
Presença do psicanalista
ano XXI - dezembro de 2008
160 páginas
capa: Renina Katz
  



Renina Katz.
O vermelho e o negro.
Litografi a a cores p.a., 60,6 x 39,6 cm, 1979.
capa: Renina Katz

voltar ao acervo








EDITORIAL  
Nos anos oitenta, quando de sua estada no Brasil, Bion iniciou uma de suas conferências dizendo: "estou muito curioso sobre o que direi a vocês hoje à noite ...". O Conselho Editorial de Percurso vive essa mescla de curiosidade e angústia a cada seis meses: os textos que comporão o novo número, incógnitas prenhes de possibilidades. À medida que os artigos vão chegando,a nova edição começa a se esboçar e um novo território vai se delineando.
...
 
TEXTOS  
A partir de um caso que envolve como exemplos uma dissertação e uma interação clínica, o autor argumenta que no estado atual das coisas a pesquisa idiográfi ca não apenas é aceitável, como ainda se revela mais adequada para testar uma teoria psicodinâmica que os métodos nomotéticos.
ABSTRACT
Using a single case involving one dissertation and one clinical interaction as illustrations, the author argues that with current technology ideographic research is not only acceptable, but is still more appropriate for testing psychodynamic theory than are nomothetic methods.
 
O presente artigo avalia as contribuições de Donald Winnicott à teoria e clínica da neurose obsessiva. Para tanto, discute a função do ambiente na etiologia das neuroses, comparando-as com a de outras patologias; em seguida, explicita a concepção winnicottiana da neurose obsessiva. Finalmente, discute as implicações clínicas decorrentes de tal concepção.
ABSTRACT
This article evaluates Donald Winnicott’s contributions to the theory and clinics of obsessive neurosis. Therefore, it discusses the function of the environment in the etiology of neurosis, comparing it with other pathologies; afterwards it develops Winnicott’s conception of obsessive neurosis. Finally, it discusses the clinical implications which result from such conception.
 
O texto que segue constitui um relato da relação de uma analista e sua paciente após a partida desta. Nessa perspectiva, podemos afi rmar que a comunicação se dá com o sentimento de luto por parte da analista e como tentativa de compreensão da história da dupla: o estar-no-mundo da paciente – ora em dor silenciosa, ora envolta em um turbilhão de tormentos – e os esforços da analista com suas falhas e cuidados.
ABSTRACT
The paper that proceeds constitutes a report of an analyst’s relationship and her patient after her departure. In that perspective, we can affirm that the communication happens with the feeling of mourning on the part of the analyst and as an attempt of understanding of the couple’s history: being the patient sometimes in silent pain or wrapped up in a whirl of torments and the analyst’s efforts with their flaws and cares.
 
O texto parte de uma rápida apreensão da crise da função terapêutica da psicanálise, atual e histórica, circunscreve a relação dessa crise com a presença do analista, para discutir o cotidiano das análises, os modos, usos e costumes dos analistas. Sugere-se a abstinência como a noção fundamental para essa discussão, na medida em que se a toma como conceito e não somente, ou nem mesmo, como recomendação.
ABSTRACT
This essay starts from a brief apprehension of the crisis of psychoanalysis’ therapeutic function, current and historical. It circumscribes the relation of this crisis with the presence of the analyst and discusses the everyday of analysis, the ways, styles and customs of analysts. Abstinence is suggested as being the fundamental notion for this discussion, in so far as it is taken as a concept and not only, or not even, as a recommendation.
 
Na experiência de supervisão, algo de nossa clínica nos interroga através do que falamos conscientemente do caso – e o caso em questão não é o paciente e sim o próprio tratamento. A possibilidade de escutar os impasses que nos escapam quando somos envolvidos pela transferência faz da supervisão um instrumento fundamental para a preservação do lugar do terceiro no processo da análise.
ABSTRACT
During supervision, something in our clinical practice interrogates us through what we talk consciously about the case – and the case in question is not the patient, but the treatment itself. The possibility clarifying aspects that we do not apprehend when immersed in transference renders supervision an essential instrument in order to preserve the role of third in psychoanalytic process.
 
Este trabalho discute o lugar do analista quando o sujeito que o procura em sua clínica está implicado à questão adolescente, que, por sua vez, não está imediatamente determinada pelo fenômeno da adolescência. Defende-se a idéia de que, frente à inquietação do sujeito adolescente, é necessária a disponibilidade do analista para se questionar acerca de sua posição na relação transferencial, o que fi ca ilustrado por uma situação clínica.
ABSTRACT
This essay debates the analyst role, when the subject that goes to the clinic is involved with the adolescent issue, and not directly affected by the adolescence phenomenon. It defends the theory that due to the adolescent anxiety it is necessary for the analist to have availability to conduct an inquiry about his own position at the transference relationship, which is ilustrated by a clinic case.
 
Este artigo analisa a experiência fundante do olhar na constituição do psiquismo, bem como seu lugar no fetichismo. Investiga também em que medida as diferentes relações objetais estabelecidas pelo sujeito, pela via do que é visto e encoberto, determinam o processo de construção de uma intimidade neurótica ou perversa.
ABSTRACT
This article will attempt to analyze the role of sight in the creation of an individuals psyche, and its place in fetishism. It will also attempt to explain how different objective relationships established by the individual in terms of what is seen and what is hidden determines the process to create neurotic intimacy or perversion.
 
A questão discutida neste trabalho diz respeito ao surgimento cada vez maior de novos procedimentos avaliativos com a fi nalidade de administrar medicação psicotrópica a crianças
de todas as idades, que apresentam um quadro do que se nomeou como hiperatividade. O que se espera do uso indiscriminado de tal medicação, um controle de comportamento? Esse é um assunto que preocupa o psicanalista que sustenta a clínica com crianças e adolescentes. Des-subjetivadas, elas não têm a chance de serem ouvidas em seus sintomas.
ABSTRACT
he question discussed in this essay concerns the appearance of newer evaluation procedures with the purpose of administering psychotropic medication to children of all ages who show signs of a condition entitled hyperactivity. What is expected of the indiscriminate use of such medication, a control of behavior? This is a subject that concerns the clinic psychoanalyst of children and teenagers. De-subjected, they have not the chance to be heard in their symptoms.
 
Este trabalho pretende refl etir acerca dos novos arranjos familiares, tema paradigmático na atualidade, relacionado ao futuro do que se considera ser a base da organização social, responsável pela transmissão e inserção dos seres humanos na cultura. Através de uma visão histórica das mudanças socioculturais e os efeitos delas nas normas, valores e estilos de viver, tentaremos abordar as transformações ocorridas na construção das uniões conjugais e das novas maneiras de ser pai ou mãe.
ABSTRACT
This work aims to think about new family arrangements, paradigmatic subject in actuality, related to the future of what is considered to be the basis of social organization, responsible for the transmission and integration of human beings in culture. Through a historical overview of the socio-cultural changes and their effects in standards, values and styles of living, it tries approach changes in the construction of marital unions and the new ways of being father or mother.
 
O trabalho parte da experiência da transmissão da psicanálise e da formação psicanalítica no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae para apresentar os fundamentos teóricos do chamado tripé analítico. Defende que um projeto institucional de formação deve se alicerçar em convicções epistemológicas acerca do objeto da psicanálise, do fazer analítico e das condições institucionais adequadas. Todos os elementos do tripé devem, de diferentes maneiras, produzir efeitos analíticos. Além disso, os dispositivos institucionais subjacentes à formação devem funcionar de forma solidária ao tripé, criando um ambiente que seja acolhedor mas que não favoreça a alienação.
ABSTRACT
This paper stems from the psychoanalytical transmission experience and training in the Psychoanalysis Department of Sedes Sapienteae Institute, in order to present the theoretical grounds of the so called analytical tripod. The paper claims that an institutional project on psychoanalytical training should be grounded on epistemological convictions about the object of psychoanalysis, the analytical practice and the appropriate institutional conditions. All the elements of the tripod should result in analytical effects. Moreover, the subjacent institutional devices should also work in agreement with the tripod, creating a friendly atmosphere, however not leading to alienation.
 
O texto discute as características da psicoterapia breve psicanalítica, a partir da fixação de um limite de tempo e de um foco. O parâmetro para a indicação é a demanda do paciente. Aborda a natureza da angústia – de castração, de fragmentação e de perda do objeto – considerando-a como fundamental para a focalização. Um exemplo clínico é apresentado para ilustrar as afirmações do autor.
ABSTRACT
This paper stems from the psychoanalytical transmission experience and training in the Psychoanalysis Department of Sedes Sapienteae Institute, in order to present the theoretical grounds of the so called analytical tripod. The paper claims that an institutional project on psychoanalytical training should be grounded on epistemological convictions about the object of psychoanalysis, the analytical practice and the appropriate institutional conditions. All the elements of the tripod should result in analytical effects. Moreover, the subjacent institutional devices should also work in agreement with the tripod, creating a friendly atmosphere, however not leading to alienation.
 
 


ENTREVISTA  
Em abril de 2008, Sophie de Mijolla-Mellor esteve no Brasil para uma série de conferências no Rio e em São Paulo. A carreira desta psicanalista francesa a fez acompanhar a evolução da nossa disciplina em momentos de grande densidade política, teórica e clínica: nos últimos quarenta anos, muita água correu sob as pontes do Sena.
Como ela mesma conta a seguir, sua opção inicial era a Filo­sofia. Em 1970, quando terminou seus estudos e começou a lecionar no secundário, a Universidade estava em polvorosa devido aos então recentes acontecimentos de Maio de 68. Convidada a participar de um projeto inovador, o do Departamento de Ciências Humanas Clínicas em Paris vii, desenvolveu ali – junto a Pierre Fédida, Jean Laplanche e outros – uma sólida carreira de professora, orientadora e pesquisadora. No momento, dirige naquela unidade a École Doctorale “Recherches em Psychanalyse”, na qual, em virtude de seu interesse pelos intercâmbios internacionais, acolhe muitos estudantes estrangeiros, especialmente da América Latina e do Brasil.
 
DEBATE  
Ao longo de seus cem anos, a psicanálise contribuiu largamente para ampliar a compreensão do desenvolvimento psíquico humano e conquistou um lugar de singular importância na análise da subjetividade moderna. Muitos conhecimentos e preceitos psicanalíticos encontram-se difundidos na cultura atual. Reconhecida e utilizada prioritariamente como um procedimento terapêutico peculiar, parece não haver um consenso em torno do uso de sua particular escuta aos novos discursos produzidos pela cultura ou suas conseqüências para as subjetividades contemporâneas. Há os que defendem que a psicanálise deve se dedicar exclusivamente aos problemas do divã ou os que conferem a ela um lugar especial para revelar a signifi cação dos fatos sociais. A sessão Debates deste número da Revista Percurso selecionou alguns colegas e propôs que refl etissem e escrevessem sobre a seguinte questão:

A partir de sua experiência, como você analisa o campo de atuação da psicanálise na cultura contemporânea?
 
LEITURAS  
Resenha de Rubia Delorenzo, Neurose obsessiva, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2007, 162 p.
 
Resenha de Alessandra Monachesi Ribeiro, Em busca de um lugar: itinerário de uma psicanalista pela clínica das psicoses, São Paulo, Via Lettera, 2007, 198 p.
 
Resenha de Fátima Milnitzky (org.), Narcisismo: o vazio na cultura e a crise de sentido, Goiânia, Dimensão, 2007.
 
Resenha de Malvine Zalcberg, Amor paixão feminina, Rio de Janeiro, Elsevier, 2007, 199 p.
 
Resenha de Nora Beatriz Susmanscky de Miguelez, Complexo de Édipo, São Paulo, Casa do Psicólogo, 2007, 181 p.
 
Resenha de Edson Luiz André de Sousa, Uma invenção da utopia, São Paulo, Lume Editor, 2007, 49 p.
 
Resenha de Isidoro Berenstein, Del ser al hacer: curso sobre vincularidad, Buenos Aires Barcelona México, Paidós, 2007,177 p.
 
Resenha de Maria Helena Saleme, A normopatia na formação do analista, São Paulo, Escuta, 2008, 151 p.
 
 
 

     
Percurso é uma revista semestral de psicanálise, editada em São Paulo pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde 1988.
 
Sociedade Civil Percurso
Tel: (11) 3081-4851
assinepercurso@uol.com.br
© Copyright 2011
Todos os direitos reservados