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| | EDITORIALEditorial - História, criatividade e resistênciaLetter from the editors - History, creativity and resistance
Comemoramos os 30 anos de Percurso com o evento Raízes e Devires, realizado no último 30 de março. Como não poderia deixar de ser, esse número da revista é especialmente dedicado ao evento, cujas falas são uma mostra da psicanálise que procuramos praticar, daquilo que ao longo de 30 anos buscamos fazer publicando artigos, entrevistas, resenhas, debates que divulguem a psicanálise comprometida com os movimentos de seu tempo, com a clínica decorrente das transformações da teoria, do social, da produção das subjetividades contemporâneas. Consolidando, desta forma, a proposta de pensar coletivamente o lugar da psicanálise na cultura hoje e a especificidade do pensamento e das intervenções psicanalíticas, em um cenário de vultosas e rápidas transformações que ultrapassam fronteiras, trazemos, neste número 62 de Percurso, os artigos de Ana Helena de Staal, Camila Salles Gonçalves, Miriam Chnaiderman e Fernando Urribarri escritos a partir de suas apresentações. Naquele encontro, retomamos o primeiro editorial da revista, que apontava para uma direção que segue determinante: "Pensar a Psicanálise como algo que se historiciza, que se inscreve no cruzamento de determinações psíquicas, sociais, temporais - isto nos põe de acordo com as concepções que norteiam a instituição à qual pertencemos". Miriam situa claramente nosso ponto de partida. Uma psicanálise engajada, como prática para a alteridade, exige uma escrita: "a escrita tem um papel político enquanto criadora de uma rede que ampara e comunica nossa pertinência e pensamento em uma tomada de posição que corre mundos". Correndo mundos, Ana de Staal e Urribarri vêm ao nosso encontro historicizando movimentos fundamentais da psicanálise na França e na Argentina. Ressaltam-se as condições bastante singulares das contribuições da América Latina. Camila Salles, por sua vez, traz uma reflexão sobre as raízes da psicanálise e sua imbricação com o tema da violência. O número atual é também bastante representativo das questões acima colocadas. Como exemplos disso, chamamos a atenção para a seção Debates em torno da questão do feminicídio, crime que recrudesceu em tempos de obscurantismo autoritário como o que vivemos, ao mesmo tempo que vem sendo denunciado e debatido. E para a entrevista com Janine Puget, que fala da "diferença radical" como o conceito que define o que é um vínculo e o desafio de sustentar o heterogêneo, o irreconhecível, a abertura de caminhos que não se sabe quais serão. O desejo de compartilhar tantas inquietações é o que nos move e nos faz continuar. É com imenso prazer que agora seguimos essa comemoração junto aos nossos leitores! Boa leitura!
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